quarta-feira, 29 de junho de 2011

Uma Escola com Surdos

Já leccionei numa Escola que tinha surdos. Numa das minhas turmas tinha 3, para além de outras duas alunas com Necessidades Educativas Especiais de outra ordem.

Na minha disciplina trabalhavam de forma igual aos outros. Para passar as informações tinha que os olhar de frente e certificar-me que me viam, para além de falar um pouco mais alto, uma vez que estes não tinham surdez total.

Os próprios colegas ajudavam-nos, não havia exclusão deste alunos no seio da turma. E eles também não se "encostavam a um canto", conviviam com os outros.

Posso-vos dizer que um dos meus alunos no ano lectivo anterior pertencia ao grupo de Danças de Salão e outro, que não era meu aluno mas tinha surdez total, também fazia parte deste grupo - não ouvia mas seguia muito bem os outros e com o treino adquiriu bem a "rotina" da dança que tinha que fazer.


"Uma escola como não imaginamos

A Caravana VISÃO foi até Riachos, Torres Novas, e encontrou uma escola como poucos imaginarão em Portugal. Uma escola para onde confluem miúdos surdos de todo distrito de Santarém e onde surdos e ouvintes constroem todos os dias um sítio melhor, como diz a canção que interpretaram na festa de final de ano

A Escola EB2,3 dr. António Chora Barroso é uma escola de referência para a educação bilingue de surdos e para a multideficiência, e aqui confluem miúdos de locais longíquos como Coruche, chegados todas as manhãs de táxi e regressados a casa ao final do dia também de táxi. À festa de final de ano, a que a Caravana VISÃO assistiu, juntaram-se os alunos do Jardim de Infância e da Escola Primária de Riachos, no fundo da rua, que estão também de braços abertos a miúdos diferentes. Numa comunidade de quase 900 alunos, existem 18 miúdos surdos.

As diferenças são visíveis mal entrámos no pátio : um rapaz faz gestos depressa, e uma rapariga olha atentamente para as mãos do seu amigo. Quando o rapaz pára, começa ela uma dança de dedos semelhante. Aparece uma senhora, que se junta à conversa sem som. Estão animados. Ao entrar no edifício, descobre-se, numa porta, por baixo da indicação "Casa de Banho", fotografias com gestos - é a tradução da palavra para Língua Gestual, a língua natural dos surdos.

Mas as diferenças acabam aí - porque aqui os miúdos surdos são tratados da mesma forma que os ouvintes, tendo acesso exactamente às mesmas actividades. Trabalham todos juntos dentro da sala de aula e fora dela. Dentro da sala de aula, além do professor da disciplina (História, Português ou Matemática), por exemplo, há um intérprete de Língua Gestual Portuguesa, que vai traduzindo o que o professor está a dizer. Estes intérpretes acompanham também os alunos nas actividades extra-curriculares - e esta escola tem recebido distinções em várias áreas, da Dança ao Português -, trabalhando para lá do seu horário. Trabalho dificil o seu: têm de dominar todas as matérias leccionadas no currículo para saberem como explicarem as palavras que não existem em Língua Gestual. Não existe, por exemplo, um gesto para conde ou para nobreza.

Os alunos surdos têm a mesma carga horária de Língua Gestual Portuguesa que um ouvinte tem Língua Portuguesa - e isto porque esta é a sua língua natural, aquela que têm de dominar com perícia para conseguirem comunicar e exprimir. O Português é a segunda língua leccionada (a de um aluno ouvinte é o Inglês) e, a partir do 7º ano, frequentam uma terceira língua.

À tarde, os alunos surdos têm apoio, para reforçar a aprendizagem das matérias curriculares, com professores de Educação Especial. De uma forma geral, estes alunos lêem muito bem mas têm dificuldade em escrever. Frequentam a terapia da fala uma vez por semana. Ao todo, trabalham no Gabinete da Escola de Referência quatro professores de Educação Especial, cinco intérpretes de Língua Gestual, três professores de Língua Gestual e uma terapeuta fala."
Visão



Abraço!

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